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  • Foto do escritorMestre japão

Mesmo movimento com vários nomes? Vamos refletir sobre o assunto.

Convido vocês para essa reflexão sobre o vasto universo da nossa arte.


Olá meus amigos, gostaria de fomentar uma reflexão em relação aos nomes dos movimentos de Capoeira que aprendemos ao longo da jornada.


Menino quem foi seu mestre? Meu mestre foi Salomão! Pulava cerca de ponta, de costas sem por a mão, aquele quem me ensinou, tá no Engenho da Conceição...

Quando iniciei a Capoeira, alguns milhares de anos atrás (risos), frequentei os treinos diariamente. Todos aqueles movimentos incríveis tinham um nome, alguns faziam sentido e outros não. Com o passar do tempo aprendi novos nomes para aqueles mesmos movimentos. A “Meia-lua Presa” em outros lugares, era reconhecida apenas por “Meia-lua de Compasso com um apoio”, o “Beija-Flor” também se chamava “Aú-batido”, o “Martelo Cruzado” se chamava “Parafuso”, a “Meia-Lua de Compasso” se chamava “Rabo-de-Arraia” e o próprio “Rabo-de-Arraia” era outro movimento, totalmente diferente! Mas que confusão!


Estudando a Capoeira e suas origens mais profundamente, aprendi mais e organizei meu conhecimento. Entendi que a Capoeira não foi criação de “alguém”, mas sim, fruto de uma “manifestação” que evoluiu absorvendo culturas locais e pessoais, resistindo ao tempo, ganhou o mundo e hoje representa uma grande diversidade.


Houve o tempo em que, Manuel dos Reis Machado, nosso querido Mestre Bimba e outros Mestres de igual importância como Mestre Pastinha, Mestre Canjiquinha, Mestre Paraná, Mestre Arthur Emídio e tantos outros, que viveram em épocas aproximadas, organizaram seus conhecimentos nomeando movimentos e sequências que hoje são estudadas por todos os Capoeiristas do mundo. Com o passar do tempo, esses Mestres formaram alunos e esses viraram Mestres que reproduziram esses conhecimentos boca-a-boca, porque a Capoeira também é uma “tradição falada”, assim como as abelhas que viajam o jardim pulverizando e carregando o pólem, os Mestres repassaram conhecimento juntamente com suas experiências de vida, dando origem, mais uma vez, a novas ramificações e variação da mesma coisa.


Resumindo essa reflexão, vejo essa diversidade da Capoeira, neste caso, em relação à nomenclatura dos movimentos, como algo positivo que enriquece ainda mais a nossa cultura. Assim como nosso povo que é o mais miscigenado do planeta, a Capoeira também absorveu essa miscigenação, tornando-se uma grande fonte de riqueza.


Eu tomei a liberdade de registrar em minhas anotações a seguinte ordem de evolução para os movimentos da Capoeira:


  • Movimentos primitivos ou tradicionais, que antecedem à origem da Luta Regional Baiana;

  • Movimentos da Luta Regional Baiana que foram organizados e catalogados pelo Mestre Bimba e seus alunos;

  • Movimentos da Capoeira da atualidade, chamados por muitos de “Capoeira Contemporânea”.

Com essa reflexão, torna-se possível organizar e ter um ponto de partida para os estudos e as pesquisas que também podem ser uma fonte de debates sobre o tema.


Este post tem o objetivo de fomentar a reflexão e não pretende apequenar o vasto repertório de movimentos da nossa arte. Sendo assim, sustento que o Capoeirista é um pesquisador nato e deve compartilhar suas reflexões para evolução da arte.


Grande Salve a todos!


Mestre Japão.

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